Transformar Tudo em Proteico: Por Que Essa Não é a Melhor Estratégia para Sua Saúde
Nos últimos anos, virou tendência adicionar proteína em tudo: pães, bolachas, massas, sobremesas e até em alimentos que, originalmente, nem precisariam dela. Essa “onda proteica” surgiu com força no mundo fitness, nos suplementos e até no marketing de produtos industrializados. Mas será que transformar tudo em uma versão “fit” e rica em proteína é mesmo saudável?
A resposta pode surpreender: nem sempre. E o motivo vai além da balança ou do ganho de massa muscular. Quando olhamos com cuidado para o funcionamento do intestino e sua relação direta com o cérebro e a saúde como um todo, percebemos que o excesso de proteína principalmente quando desbalanceado com fibras e outros nutrientes pode causar mais desequilíbrio do que benefícios.
Quando o Excesso de Proteína Vira Problema
Nosso intestino funciona melhor com variedade: fibras, carboidratos complexos, micronutrientes, boas gorduras e, sim, proteínas mas na quantidade certa. Quando o consumo proteico ultrapassa o que o corpo realmente precisa, especialmente se as fibras ficam em segundo plano, o ambiente intestinal muda. E não para melhor.
O excesso de proteína no intestino acaba sendo fermentado por bactérias que, em vez de produzirem compostos benéficos (como os ácidos graxos de cadeia curta), passam a liberar substâncias como amônia, indol e sulfeto de hidrogênio. Essas moléculas em excesso podem provocar:
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Inflamação intestinal;
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Redução da produção de butirato (um protetor natural do intestino);
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Aumento da permeabilidade intestinal (o famoso “intestino permeável”);
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Desequilíbrio no microbioma, com menor diversidade de bactérias boas.
Isso Afeta o Cérebro Também?
Sim. Nosso intestino se comunica com o cérebro o tempo todo. Quando há desequilíbrios ali, essa troca de informações pode ser prejudicada. A fermentação proteica exagerada pode gerar substâncias neurotóxicas que atravessam barreiras importantes e interferem na produção de neurotransmissores como a serotonina e o GABA diretamente ligados ao humor, ansiedade, sono e concentração.
Em alguns contextos, como em pessoas com autismo, doenças neurodegenerativas ou transtornos intestinais, esse excesso pode agravar sintomas como irritabilidade, confusão mental e distúrbios gastrointestinais.
E o Metabolismo?
Dietas muito ricas em proteína e pobres em fibras e compostos vegetais também afetam o metabolismo de forma mais ampla. Entre os riscos, estão:
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Maior chance de resistência à insulina;
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Risco aumentado de doenças cardiovasculares e hepáticas;
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Redução da proteção natural contra inflamações crônicas;
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Desequilíbrio da microbiota intestinal com impacto na imunidade.
Tudo isso não significa que a proteína seja “vilã”, longe disso. Mas, como tudo na nutrição, equilíbrio é essencial.
Qual a Quantidade de Proteína Ideal?
A recomendação varia conforme o momento da vida, nível de atividade física, composição corporal e presença de doenças. Em geral:
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Adultos sedentários: entre 0,8 a 1,2g por quilo de peso corporal por dia;
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Atletas ou pessoas em treinos intensos: até 2,0g/kg/dia, com acompanhamento individualizado.
Mais do que focar só na quantidade, é importante olhar o todo: qualidade da proteína, presença de fibras, variedade de vegetais, frutas, grãos e gorduras boas. A saúde está na diversidade e na harmonia entre os alimentos.
Nem Todo Produto "Proteico" é Saudável
Muitos alimentos “fit” vendidos como proteicos são ultraprocessados, ricos em adoçantes artificiais, gorduras ruins ou pobres em fibras. Isso pode dar a falsa sensação de estar comendo de forma saudável, quando na verdade o corpo está sendo sobrecarregado.
Alguns sinais de que algo pode estar em desequilíbrio:
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Constipação ou diarreia frequente;
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Fadiga constante ou falta de foco;
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Sensação de inchaço ou desconforto intestinal;
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Alterações no humor ou no sono;
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Aumento de inflamações ou queda na imunidade.
Se você se identificou com algum desses sintomas, vale a pena reavaliar a sua alimentação com um olhar mais cuidadoso.
Equilíbrio é o que Sustenta a Saúde
Não se trata de evitar a proteína, mas de entender que nem tudo precisa ser hiperproteico para ser nutritivo. A alimentação funcional e integrativa valoriza o corpo como um todo incluindo o intestino, o cérebro e a saúde metabólica.
Antes de seguir dietas da moda ou se encher de suplementos, vale lembrar: seu corpo é único. E é justamente por isso que orientações personalizadas fazem tanta diferença.
Se você sente que precisa ajustar sua alimentação, melhorar seu intestino, sua energia ou seus sintomas, não tente resolver tudo sozinha.
Agende sua consulta eu posso te ajudar a entender o que faz sentido pra você, com base na ciência e na sua realidade.